segunda-feira, janeiro 31, 2005

Eu fui ao fundo da minha dor.
Chafurdei, feliz, como um porco na lama do meu desespero.
Morri mil mortes, uma a cada dia, uma a cada segundo.
Condenei-me, prendi-me, sem apelação.
Eu me odiei vezes sem conta.
Me culpei pelo que fiz e pelo que não fiz.
Eu embolei minha alma, joguei-a no lixo.
Destrocei meu coração em raiva contida,
Em gritos presos,
Em murros não dados...
Eu fui a explosão surda,
Fui o vazio de mim mesmo.
Eu fui o nada.
Andei por tempo demais pela sombra.
Tanto que esqueci como é a luz.
Mas chega o tempo de acordar.
Como tudo na vida tem seu tempo,
Eu vejo meu tempo agora.
Que eu seja mais fiel a mim mesmo.
Que eu seja mais puro.
Eu, neste momento, renego toda a forma de perversão.
De agora em diante buscarei em mim mesmo meu sustento.
Eu sou maior do que eu pensava,
Melhor do que me julgavam,
Mais forte do que mesmo eu ousava imaginar.
Eu agora estou vivo.