quinta-feira, dezembro 16, 2004

A vida assim nos afeiçoa,
Prende. Antes fosse toda fel!
Que ao mostrar às vezes boa,
Ela requinta em ser cruel...

M.B.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Durante o dia parece ser fácil ignorar a dor, transforma-la em raiva, rir cinicamente como se tudo fosse uma grande piada sem sentido - o que tal vez seja...
Mas o que fazer no escuro do meu quarto? Quando a dor vem com toda a sua força, transformando-se em fantasmas, no monstro que vive dentro do armário, no demônio escondido por trás do espelho?
O que fazer com a culpa, com a sensação de fracasso, com a morte que sinto me rondando a cada minuto?
Questões para as quais talvez não haja resposta.
Um bolsa fechada com um simples endereço, contendo o fim de tudo o que poderia ter sido.
Sem palavras, sem sequer um bilhete...
Gostaria de poder me sentir no direito de odia-la, de ter raiva..
Queria ter um motivo para poder transformar toda essa dor em ódio, e descarrega-lo em alguem...
Mas não tenho...
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa, é tudo o que consigo pensar.
Ainda que saiba que talvez não tenha sido bem assim...
Que a castração de meses tenha em mim criado o medo de enfrentar a realidade com um mínimo de dignidade...
O que fazer então com esse peso que sinto.
Justamente quando pensava que poderia deixar de ser pedra e tornar-me novamente (?) um homem, tudo acaba desta maneira ridícula, no monte de merda que eu me sinto ordinariamente...

segunda-feira, dezembro 13, 2004

O que se faz quando se percebe que todas as possibilidades que se abriam em nossa vida foram perdidas?
Deixadas de lado, para mais tarde, para um tempo que nunca chegou...
Por que me falta o ânimo sequer de tentar?
Por que prefiro a fuga à luta, a morte à vida, o vazio ao amor?
Quem saberá me responder?
Será que ainda há tempo?

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida ... NÃO VIVEU!


Francisco Otaviano

domingo, dezembro 12, 2004

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada