terça-feira, fevereiro 15, 2005

Parece que hoje acordo de um pesadelo.
As cores que pareciam desbotadas finalmente ressurgem ante meus olhos.
Triste estou, e creio que assim ficarei por um bom tempo ainda.
Mas é uma tristeza viva. Melhor do que a apatia que me dominou pela maior parte da minha vida.
Chego a sentir raiva.... ódio, melhor dizendo. Mas este também é um ódio vivo.
Tudo isto pulsa em meu peito. Meu coração como carne cortada, estraçalhado, mas não além de qualquer retorno. Percebo isto quando o sinto bater. Dói em cada batida, mas mesmo esta dor é reconfortante, pois há muito que nada sentia qualquer vida ali.
Um ferimento cicatriza. Mais cedo ou mais tarde isto acontece.
Para mim, que temia sofrer uma necrose na alma, isto é o suficiente.
Eu sobrevivo, e sobreviverei. Já andei por tempo demais por entre os mortos, é hora de solidificar meu espírito, de virar carne.
Da minha dor eu tiro forças.
Quero me livrar do ódio, pois este corrói, é o oposto da dor, e não do amor que um dia senti.
Com os dias, esta dor irá desaparecer. A raiva vai sumir. E virá a indiferença.
Assim é a vida. Eu já devia saber. Mas demorei demais a começar a viver. E assim, demorei demais a aprender a me recuperar.
De tudo o que vivo e vivi, move-me a sensação de que não me tornarei um cínico.
Prosseguirei acreditanto, vivendo. Esta será a minha salvação, e também a minha vingança. Embora eu creia que, ao alcança-la estarei além de tal tipo de sentimento.
Enquanto os outros prosseguirão semimortos, este meu purgatório me garantirá a vida. Minha dor não será desperdiçada, este é o voto que eu faço.
Amém.