quarta-feira, abril 10, 2002

"E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
E quando à noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra pasárgada"
M.B.



Acho que eu choraria, se me lembrasse como...

segunda-feira, abril 08, 2002

"um vazia se faz em meu peito
E de fato em meu peito eu sinto um vazio"
Cartola

Hoje um verso paira sobre minha cabeça, inafastável, seu peso vergando meu corpo.
O verso em questão é de "Foi um rio que passou em minha vida" do Paulinho da Viola.
"Eu carregava uma tristeza..."
Repete-se na minha cabeça à exaustão e parece ser a única frase capaz de definir meu estado de espírito, ainda que causado por fatos absolutamente dissociados do contexto geral da canção...
Nesta madrugada minha cadela morreu, aos 12 anos de idade... Na verdade não era minha, era de minha mãe, e eu mesmo não podia imaginar quanto a sua presença estava entranhada na minha casa...
Não sei se foi o fato dela ter morrido quase em meus braços. Ao voltarmos eu e minha irmã a encontramos caída no chão, ainda viva, como que guardando suas últimas forças esperando alguem chegar para despedir-se. Morreu no colo da minha irmã, a caminho do veterinário... A massagem cardíaca de nada adiantou, mas o olhar consternado da veterinária, sinceramente triste ante à sua impotência de alguma forma serviu de conforto...
Não sei se o que mais me entristeceu é o próprio sentimento de perda ou foi o fato de ter presenciado o sofrimento do animal, sentir a vida se esvair e tomar súbita consciência de nossa própria fragilidade. Embora não haja equivalência entre a perda de alguém próximo e a de um animal de estimação, o sentimento é semelhante. Assim como o sofrimento de um animal é como o sofrimento de um ser humano. Somos iguais na dor, não devemos esquecer nossa natureza.
Escrevo isto aqui pois preciso dividir a minha dor, ainda que com ninguem...
Descanse em paz, Tucha.