segunda-feira, setembro 13, 2004

De tanto solitário andar, acostumei-me a ninguém senão a mim mesmo. Andando pelas ruas de minha cidade, como se estivesse em um país estrangeiro vejo um desfile de faces sem alma cruzando meu caminho. Me senti assim a primeira vez que saí do país, mas, e agora? Para onde eu vou voltar?
Mesmo no movimento do fim de tarde, o silêncio desce como uma pedra sobre meu peito. O silêncio dos outros, o meu próprio silêncio. Já quase não ouço minha voz, já nem sei se me lembro dela.
Resisto a tentar outra fuga, outro entorpecimento da vida, não quero mais passar horas colado a uma tela. Não quero desmaterializar-me em pixels, vivendo uma não-vida digital, lutando guerras inexistentes em um mundo inexistente.
Ela foi-se há uma semana. Não sei do que realmente sinto falta. Se dela ou se da idéia de que não estava só.
Durante meses fiquei preso neste interminável momento de indecisão. Não sabia se queria mergulhar inteiramente nesta solidão que vem sendo minha companheira desde que posso me entender, ou se queria quebrar este círculo interminável que desenhei sobre meu próprio umbigo. Decidiram por mim.
Não sei se a opressão que sinto agora é por realmente desejar estar com ela, ou se é o medo de tornar-me um eremita isolado na montanha que criei.
Será que aprendi algo desta vez?
Não sei.