sexta-feira, dezembro 10, 2004

Hoje eu saí de casa
E me perdi pelas ruas,
Esperando encontrar amigos há muito mortos

Hoje eu me sentei em uma praça
E fixei meu olhar profundamente em meu interior
Tudo o que vi foi um imenso vazio

Hoje eu morri,
E descobri que minhas crenças eram pura ilusão
Pois na morte não há nada, somente o vazio que vi em mim mesmo.

Hoje decidi viver
Mas, temendo não haver mais vida em mim,
Chorei lágrimas presas há séculos.

Chorei meus mortos e meus erros
Chorei quem eu poderia ter sido
Chorei por quem sou.

Hoje eu morri, nasci e cresci.
Fui cadáver, criança, homem e velho
Vi minha vida passar passar por diante de meus olhos.

Hoje eu me vi louco, mendigo, herói e covarde
Gritei em agonia, senti mil flechas cravando-se em meu peito.
Segurei em minhas mãos a pedra que costumava ser meu coração.
Com uma faca abri meu peito,
E, apavorado, percebi o negror que lá se alojou.

Vi a semente da morte brotando,
Furei meus olhos, por não agüentar a agonia de tal visão
Vi-me cego, surdo, mudo.
Gritei de horror.
Desejei não ter morrido, temendo ainda viver.