quarta-feira, janeiro 23, 2002

Poesia, por que não?


Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto.
Fecha o meu livro se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é fogo, volúpia ardente,
Tristeza esparsa, remorso vão.
Dói-me nas veias, amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.


- Manuel Bandeira.